Brasilzinha

Sobre el cuento

Autor: Darío Nudler
Ilustradora: Sofía Nudler
Narradora: Natasha Besoky
Diseño: Ana Remersaro

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Há ilhas que ficam milhares de anos no fundo do mar até que um dia surgem à superfície. Algumas aparecem depois de um terremoto. Outras, após a erupção de um vulcão escondido na água, embora essas demorem muito tempo para ficarem bonitas porque estão cheias de cinzas.

Em frente à costa de uma cidade chamada Capablanca, numa tarde em que um tremor sacudiu a terra, surgiu uma ilha com muita areia e um pouco de vegetação.

De longe, a gente via o verde das plantas e o amarelo da areia. Por causa das cores, as crianças da cidade decidiram chamá-la de Brasilzinha. Isso foi no início.

À medida que a ilha experimentava o calor do sol e a brancura da lua, brotavam da terra flores azuis-celestes, vermelhas, lilás e laranjas. Muitos quiseram mudar o nome, mas os meninos bateram o pé e ficou sendo Brasilzinha mesmo.

Quando as árvores cresceram o suficiente e os pássaros começaram a cantar sobre suas copas, a família do Calixto, uma das crianças mais inquietas de Capablanca, decidiu fazer uma caminhada pela costa para observar a ilha com binóculos.

A primeira a olhar foi Ariadna, a irmãzinha do Calixto.

— Muuuu, muuuu! — exclamou, enquanto apontava para a ilha com o dedo indicador.

— É uma ilha, não uma vaca, Ari —corrigiu-a sua mãe.

Calixto pegou os binóculos e ficou encantado ao observar um touro que corria de uma ponta a outra da ilha, desviando das árvores em zigue-zague, como se fosse um esquiador profissional descendo uma montanha nevada.

A notícia se espalhou como um incêndio e, em poucas horas, a costa estava cheia de gente que trouxe de tudo, desde óculos de aumento até telescópios para ver o touro correndo entre as árvores.

— Como esse animal foi parar lá? — perguntava a maioria.

As crianças, como sempre, tinham a resposta. Bem, várias respostas:

— Muito fácil. Caiu de um avião de gado que estava voando a baixa altitude — disse um tal Emanuel, com cara de sábio.

— Nada a ver. Chegou surfando em uma onda gigante — disse seu irmão gêmeo Federico.

— Eu vi. Foi levado por um tornado. Caiu em cima das plantas. Por isso não se machucou — explicou Margarita.

A noite logo caiu e, na manhã seguinte, organizaram uma expedição de barco até a ilha. Duzentos voluntários, todos homens, foram recrutados. Disseram que o touro poderia ser feroz e que não era recomendável que as mulheres o visitassem até que ele fosse domado.

No entanto, na hora de zarpar, apenas 20 voluntários apareceram e eles estavam tão assustados que as pernas tremiam como cordas de violão.

— Vamos juntos, querida? — perguntou um dos voluntários à sua esposa.

Minutos depois, as esposas, irmãs e primas dos homens, que haviam se aproximado do cais para desejar boa sorte, estavam arregaçando as mangas e subindo no barco de Miguel, o único capitão do Capablanca disposto a atracar em Brasilzinha.

Atrás das mulheres corajosas, os homens as seguiam numa lancha. Eles acompanhavam o barco, prontos para gritar “socorro!” caso o touro não fosse domado.

Quando chegaram à ilha, as mulheres desceram e começaram a caminhar furtivamente pelos matagais. “Shhhhh”, diziam umas às outras, mas a última tropeçou em um sapo, que fez “croac”, e acabou deitada no chão, em cima de um animal gigante, com pelos pretos, que dormia profundamente.

— É o touro! — gritaram.

Todas as mulheres deram um passo para trás, exceto aquela que havia caído em cima do animal. Estava tão confortável que preferiu fingir que era um travesseiro gigante.

Para a surpresa das expedicionárias, o touro de Brasilzinha abriu os olhos, olhou para elas, sacudiu a cabeça para espantar as moscas que zumbiam em seus ouvidos e colocou o queixo no chão novamente, decidido a continuar descansando.

— O pobrezinho correu tanto ontem; deve estar exausto — disse a líder do grupo.

Não foi necessário colocar um jugo nos seus chifres. Quando se levantou, depois de bocejar e se espreguiçar por um longo tempo, o touro se deixou acariciar por todos, inclusive pelo capitão. A gente preparou para ele uma salada de capim com flores da ilha e serviu água em uma vasilha feita com a casca de um coco.

Quando o governador de Capablanca descobriu que o touro era manso, decidiu visitá-lo. Ele quis perguntar seu nome, mas não entendeu o mugido e preferiu dar o privilégio de batizá-lo à pequena Ariadna, que havia sido a primeira pessoa a vê-lo.

— Vaca! — Ariadna disse alegremente.

— Mas é um touro, não uma vaca! — lembrou-lhe o governador.

— Se chama Vaca! Vaca, vaca, vaca! — repetiu ela, franzindo a testa e fingindo ficar com raiva.

O governador não teve outra opção que atender ao desejo de Ariadna.

Imediatamente, ordenou uma inspeção na ilha para verificar se Vaca havia nascido lá ou se vinha de outro lugar, pois, se fosse um touro estrangeiro, seria necessário solicitar a cidadania para ficar em Capablanca e continuar comendo o capim da ilha.

Como não foi possível provar nem uma coisa, nem outra, as crianças votaram novamente.

— Levantem a mão se vocês acham que Vaca deve abandonar Brasilzinha — disse o governador.

Ninguém levantou a mão.

— Levantem a mão se acham que ele deve regar as plantas antes de comer.

Ninguém levantou a mão.

— Levantem a mão se vocês acham que ele deveria colher as maçãs do chão com os chifres antes de beber água.

Ninguém levantou a mão.

— E se, em vez de votar sobre isso, deixarmos que o touro brinque e cuide da ilha com outros animais para visitá-lo com frequência? — sugeriu o gêmeo Emanuel.

Todos levantaram a mão.

— Aprovado por aclamação! — celebrou o governador.

Assim foi como Vaca viveu feliz em Brasilzinha com muitos amigos que bramiam, mugiam, relinchavam, latiam, miavam, piavam, cantavam e falavam.

Autor: Darío Nudler. Todos los derechos reservados.

Sobre el cuento

Autor: Darío Nudler
Ilustradora: Sofía Nudler
Narradora: Natasha Besoky
Diseño: Ana Remersaro

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